O ambiente digital tornou-se o novo campo de atuação dos crimes patrimoniais no Brasil. Uma pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgada nesta quinta-feira (14), revela que um em cada três brasileiros foi vítima de golpe virtual com prejuízo financeiro nos últimos 12 meses — o que equivale a 56 milhões de pessoas.
O impacto estimado é de R$ 111,9 bilhões, envolvendo esquemas que vão desde fraudes no Pix e boletos falsos até compras online não entregues e clonagem de cartões. As conclusões foram publicadas pela Folha de S. Paulo.
O levantamento, que ouviu mais de 2 mil pessoas em 130 municípios, revela que o crime se adaptou rapidamente ao avanço da tecnologia e ao uso massivo de smartphones. Além disso, o roubo de celulares não é apenas um crime isolado: segundo o estudo, ele aumenta em quase quatro vezes a chance de o proprietário se tornar alvo de golpes digitais.

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Facções digitais
O estudo aponta que facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) transformaram os golpes virtuais em uma nova fonte de receita, operando com estruturas que vão além das ligações feitas a partir dos presídios.
Centrais telefônicas clandestinas e esquemas de fraude bancária, envolvendo Pix, WhatsApp e cartões clonados, têm sido usados tanto para ampliar lucros quanto para lavar dinheiro do tráfico.
Para Renato Sérgio de Lima, diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e ouvido pelo jornal, o crime virtual já é peça-chave nas finanças dessas organizações. “Antes, o PCC usava a maconha como capital de giro da cocaína. Hoje, é o ouro, o desmatamento e o crime virtual. E o Estado está pouquíssimo aparelhado para lidar com isso”, afirmou.
Alvos selecionados
Diferente do que se imagina, golpes virtuais não ocorrem ao acaso. O Datafolha aponta que criminosos miram cada vez mais pessoas de maior renda. Nas classes A/B, 27,6% dos entrevistados disseram ter sido vítimas de chantagem com base em dados pessoais nos últimos 12 meses, contra 16,4% nas classes C/D/E.
O mesmo padrão se repete em compras não entregues e produtos falsificados adquiridos online, com prevalência maior entre os mais ricos e escolarizados. “O crime está escolhendo quem atacar”, resume Lima.
Apesar da migração para o meio digital, crimes presenciais continuam a afetar milhões de brasileiros. O levantamento indica que 21,8% da população adulta sofreu algum tipo de crime patrimonial com contato físico no último ano, como roubos, assaltos e sequestros-relâmpago.
O roubo ou furto de celular, por exemplo, atingiu 9,3% dos entrevistados, resultando em um prejuízo médio de R$ 1.700 por vítima — um total estimado de R$ 26,7 bilhões.
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