A violência contra as mulheres continua alarmante em todo o país e bateu novo recorde em 2024, com 1.492 feminicídios, o maior número desde 2015. Os dados são do Anuário de Segurança, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado nesta quinta-feira (24), que registra ter havido o assassinato de pelo menos 121 das mulheres em 2023 e 2024 que estavam sob medida protetiva.
O retrato também é preocupante ao olhar o horizonte mais amplo. Nos últimos onze anos (2013-2023), 47.463 mulheres foram assassinadas no Brasil, conforme registros
do sistema de saúde trazidos pelo levantamento. Somente em 2023, os registros apontam para 3.903 mulheres vítimas de homicídio, o que equivale a uma taxa de 3,5 mulheres por grupo de 100 mil habitantes do sexo feminino.

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Apesar da tendência de queda geral nos homicídios (incluindo vítimas do sexo feminino e masculino) ao longo dos últimos 11 anos, quando se olha para o comportamento das taxas ao longo dos anos, é possível observar que a redução foi mais expressiva na população em geral do que entre as mulheres – ainda que, em números absolutos, tradicionalmente os homens sejam os principais envolvidos em crimes letais intencionais.
Entre 2013 e 2023, a taxa geral de homicídio caiu 26,4%, enquanto a taxa de homicídios femininos teve uma redução de 25,5%. Essa diferença se acentuou nos últimos cinco anos: de 2018 a 2023, a taxa geral diminuiu 24,0%, enquanto a taxa de homicídios de mulheres caiu 18,6%. Os dados mais recentes indicam uma estagnação preocupante: entre 2022 e 2023, a taxa de homicídios femininos permaneceu inalterada, enquanto a taxa geral recuou 2,3%.
Esse cenário sugere que, apesar da tendência geral de queda nos homicídios, a violência letal contra as mulheres não tem acompanhado o mesmo ritmo de redução, apontando para desafios persistentes em seu combate.
Violência contra crianças e adolescentes
Entre 2013 e 2023, o número de crianças de 0 a 4 anos mortas chegou a 2.124. No mesmo período, 6.480 crianças entre 5 a 14 anos e 90.399 adolescentes de 15 a 19 anos foram vítimas da violência, conforme levantamento.
O Atlas da Violência analisou ainda os dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), produzidas pelo IBGE, entre 2009 e 2019, cujos resultados apontaram aumento da violência contra estudantes brasileiros entre 2009 e 2019. Estudantes do nono ano do ensino fundamental relataram ter sofrido violências como:
- bullying (40%);
- agressão (30%);
- agressão por algum familiar (16,1%).
Além disso, 62,5% dos adolescentes se disseram tristes e que ninguém se preocupava com eles, e 11,4% não foram à escola por se sentirem inseguros.
Comparando às edições de 2009 e de 2019, os indicadores sobre bullying, sobre agressão por familiares e sobre não ir à escola por medo aumentaram no período 31,0%, 111,0% e 69,4%, respectivamente.
Um reflexo dessa violência toda pode estar no centro do crescimento no número suicídios entre crianças e adolescentes de 10 a 19 anos. Conforme levantamento, houve aumento de 42,7% no número de suicídios, entre 2013 e 2023, atingindo a marca de 11.494 crianças e adolescentes mortos no Brasil.
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